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segunda-feira, março 19, 2012

ESCRAVIDÃO

                   De acordo com o NOVÍSSIMO DICIONÁRIO DE ECONOMIA, Organizado por PAULO SANDRONI ESCRAVIDÃO é “Condição em que um ser humano, o escravo, é propriedade de outro, o senhor, dono absoluto do produto de seu trabalho.Em sua forma plena, a condição de escravo  é perpétua e hereditária, isto é, transmissível aos descendentes do cativo. O escravo constitui também uma mercadoria, podendo portanto ser objeto de compra e venda, herança, doação, aluguel, hipoteca e seqüestro judicial. A escravidão surgiu no processo de desagregação da primitiva comunidade tribal, quando eram feitos prisioneiros de guerra. No Egito Antigo, na África Negra e nos impérios orientais, prevaleceu a escravidão doméstica, pois raramente o escravo era empregado em trabalhos produtivos. Foi na Grécia e em Roma que surgiram as primeiras economias escravistas: os escravos eram empregados em trabalhos domésticos, artesanato, mineração, agricultura e navegação. Durante a Idade Média, a escravidão permaneceu apenas como elemento residual, raro, mas durante a reconquista cristã da península ibérica (séculos XIII-XV), ela recrudesceu com o aprisionamento de guerreiros muçulmanos. Depois, com a colonização européia do continente americano, a escravidão voltou a ser amplamente praticada: foram escravizados milhões de indígenas e cerca de 15 milhões de negros africanos foram trazidos como escravos para trabalhar nas minas e plantações do Novo Mundo. A escravidão negra em terras americanas estendeu-se do século XVI ao XIX, sendo Cuba (1880) e o Brasil (1888) os últimos países a decretar definitivamente sua extinção.”
            Em suma, a escravidão foi uma forma de trabalho forçado em que alguns membros da sociedade detinham direito de propriedade sobre outras pessoas.
            Na história da humanidade existiram dois tipos de escravidão. O primeiro tipo foi a denominada “clássica”, que ocorreu no período da Antiguidade - Grécia, Roma, Egito, China, Mesopotâmia, Índia, etc. -, diferente da escravidão “moderna” ou “colonial” que vigorou após 1492 na América espanhola e 1500 na América portuguesa.
            A primeira era geralmente uma forma de trabalho compulsório (obrigatório) que produzia para o mercado ou para uma economia de subsistência ou para mercados muito limitados. A escravidão na Roma Antiga, de uma maneira geral, era resultante de escravidão por dívidas e, o que era mais comum, como produto de guerras em que os derrotados eram submetidos à escravidão. Os escravos eram utilizados tanto no setor doméstico como no setor produtivo, sendo que muitos escravos gregos em Roma notabilizaram-se como preceptores dos filhos de seus senhores romanos.
Apesar se sua importância, os atenienses consideravam o escravo como um animal. Leia esse texto escrito pelo filósofo Aristóteles:

-“... As propriedades são uma reunião de instrumentos e o escravo é uma propriedade instrumental animada ... Se cada instrumento pudesse executar  por sí próprio a vontade ou o pensamento do dono (...) os senhores não teriam necessidade de escravos. Todos aqueles que nada tem de melhor para nos oferecer que o uso de seu corpo e dos seus membros são condenados pela natureza à escravidão. É melhor para eles servir que serem abandonados a sí próprios. Numa palavra, é naturalmente escravo quem tem tão pouca alma e tão poucos meios que deve resolver-se a depender de outrem ... O uso dos escravos e dos animais é aproximadamente o mesmo...”  - Aristóteles: Política
             A escravidão moderna era uma instituição intimamente associada ao desenvolvimento do mercantilismo  - fase de acumulação primitiva do capital.
            Praticamente existindo em quase toda a América, a escravidão tornou-se a forma predominante de organização do trabalho somente naquelas áreas onde os europeus encontraram a conjugação de duas condições: a possibilidade de produzir metais preciosos (ouro e prata, por exemplo) ou produtos agrícolas de exportação para o mercado europeu (por exemplo, açúcar e tabaco) e a falta de uma população aborígene que pudesse ser introduzida ou obrigada a fornecer trabalho barato adequado por outros meios que não a escravidão.
            A escravidão chegou ao Brasil junto com a produção da cana-de-açúcar. O primeiro modelo escravista aqui implantado foi a do nativo (índio), que durou de 1500 até aproximadamente 1570. As pressões religiosas e a suscetibilidade dos indígenas às doenças trazidas pelos europeus, concorreram para que ao final do século XVI fossem introduzidos os escravos africanos. A escravidão negra sucedeu e não antecedeu à indígena. Nos lugares onde não houve condições para a implantação do trabalho negro, prevaleceu a escravidão do índio.
            No final dos quinhentos, a produção açucareira alcançou importante lugar na alimentação européia e a sua produção precisava, cada vez mais, de mão-de-obra escrava para o seu cultivo. Essa mão-de-obra era buscada no continente africano, contribuindo assim com a rentabilidade do tráfico de escravos pelo oceano Atlântico. Durante mais de 300 anos em que esse sistema vigorou, alguns milhões de negros africanos amontoados nos desumanos navios negreiros e outros tantos milhares que morriam antes de alcançar a costa brasileira ou logo que aqui desembarcassem, eram comprados em grandes feiras públicas ou em galpões como “simples mercadorias”. Portanto, são os motivos econômicos que explicam a implantação da escravidão negra.
            Como lembra o historiador Eric William, a escravidão “não nasceu do racismo: ao contrário, o racismo foi uma conseqüência da escravidão”. O trabalho na América era negro, branco, moreno e amarelo, assim como, católico, protestante e pagão.

quinta-feira, outubro 21, 2010

Livro questiona 23 mitos do capitalismo

 
O economista sul-coreano Ha-a-Joon Chang, da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, é um dos mais eminentes críticos das políticas neoliberais em voga desde a década de 80.
Autor dos livros Bad Samaritans: The Myth of Free Trade and the Secret History of Capitalism (em tradução livre, Maus Samaritanos: O mito do livre comércio e a história secreta do capitalismo) e 23 Things They Don't Tell You About Capitalism (em tradução livre, 23 coisas que não te dizem sobre o capitalismo), publicados recentemente, Chang disse que não é um anticapitalista. "O capitalismo é o pior sistema, excluídos os outros", ironiza.
Chang afirma que muitos dos críticos ou admiradores do sistema estão convencidos de que sabem o que é o capitalismo - mas estão enganados. O economista consider que o que tenta fazer em seus livros é mostrar que muitas das premissas usadas para definir o sistema são meias verdades ou puro mito.
"A idéia do livre mercado, por exemplo. O mercado livre não existe. Todo mercado tem regras e limites que restringem a liberdade de escolha."
Ele pergunta, por exemplo, por que um motorista de ônibus na Suécia ganha 50 vezes mais do que um em Nova Déli (na Índia). "Porque o de Nova Déli não pode ir à Suécia, pois há limites ao fluxos migratórios."
Outro mito, ele explica, é aquele que propõe que quanto mais livre o mercado e quanto menos envolvimento do governo, maior a riqueza. Segundo Chang, a coisa não funciona dessa forma. E para ilustrar sua tese, ele cita o caso da desregulamentação do sistema financeiro ocorrida desde a década de 80. "Como se viu na crise financeira de 2008, (a desregulamentação) destruiu muita riqueza."

Veja a lista de afirmações do livro

1. Não existe livre mercado.
2. Companhias não deveriam ser administradas segundo os interesses de seus donos.
3. A maioria das pessoas nos países ricos ganha mais do que deveria.
4. A máquina de lavar mudou mais o mundo do que a internet.
5. Espere o pior das pessoas e você receberá o pior.
6. Maior estabilidade macroeconômica não tornou a economia mundial mais estável.
7. Políticas de livre mercado raramente tornam paísee pobres mais ricos.
8. Capital tem nacionalidade.
9. Não vivemos na era pós-industrial.
10. Os Estados Unidos não têm o melhor padrão de vida do mundo.
11. A África não está destinada ao subdesenvolvimento.
12. O governo pode escolher os ganhadores.
13. Tornar pessoas ricas mais ricas não enriquece o restante das pessoas.
14. Os salários de executivos americanos são altos demais.
15. As pessoas nos países pobres são mais empreendedoras do que as dos países ricos.
16. Não somos espertos o suficiente para deixar as coisas a cargo do mercado.
17. Mais educação, por si só, não vai tornar um país mais rico.
18. O que é bom para a General Motors não é necessariamente bom para os Estados Unidos.
19. Apesar da queda do comunismo, ainda estamos vivendo em economias planejadas.
20. Igualdade de oportunidades é desigual.
21. Um governo grande torna as pessoas mais - e não menos - abertas às mudanças.
22. Mercados financeiros precisam se tornar menos, não mais, eficientes.
23. Boas políticas econômicas não requerem bons economistas.

fonte: BBC

sexta-feira, setembro 04, 2009

O QUE FOI A CRISE DE 1929?

A crise de 1929 foi uma das maiores crises do Capitalismo. A crise explodiu em 24 de outubro, quando milhões de dólares em ações não encontraram compradores na Bolsa de Nova Iorque. Os investidores de Wall Street, preocupados com o desempenho das empresas de quem haviam comprado ações, tentavam desesperadamente livrar-se dos papéis, originando uma verdadeira avalanche de oferta de ações, que derrubaram os preços arruinando a todos. De uma hora para outra, prósperos empresários dos setores industrial e bancário faliram, milhões de trabalhadores perderam seus empregos e a miséria disseminou-se pelo território norte-americano.

A partir dos Estados Unidos, a crise econômica alastrou-se por todo o mundo capitalista. Sua difusão foi favorecida pelos seguintes elementos: primeiro, a redução das importações norte-americanas, que afetou duramente os países que dependiam de seu mercado; segundo, o repatriamento de capitais norte-americanos investidos em outros países.

As conseqüências da crise de 1929 podem ser assim resumidas:

• para os Estados Unidos, confiantes em seu eterno crescimento econômico, a crise deu início a um período conhecido como Grande Depressão. Foi uma época de grande desemprego, baixo consumo e baixa produtividade. As camadas populares ressentiam-se da miséria e os capitalistas estavam arruinados. Por outro lado, o governo deixou para segundo plano os investimentos sociais, procurando, primeiramente, recuperar a economia do país; tal fato, gerou protestos por parte dos menos favorecidos;

• na Europa, a crise também foi sentida com grande violência, sobretudo porque os Estados Unidos eram os maiores compradores das mercadorias produzidas pelos europeus e os maiores investidores no continente. Além disso, passaram a cobrar os empréstimos concedidos durante os anos 1920. A inflação cresceu assustadoramente e, com ela, os níveis de desemprego, gerando miséria na maioria dos países europeus, inclusive Inglaterra e França;

• no âmbito político, a crise de 1929, ao gerar desemprego e recessão, intensificou as lutas operárias, atemorizando (até porque o triunfo da revolução socialista na União Soviética era evidente) a burguesia e as elites que passaram a apoiar formas autoritárias de governo, conhecidas como nazi-fascismo;

• os governos de diversos países, com vistas à solução da crise econômica, adotaram medidas protecionistas, abandonando, assim, os pressupostos do liberalismo.

O NEW DEAL

O presidente norte-americano eleito em 1932, Franklin Delano Roosevelt, adotou uma política econômica redefinindo o papel do Estado na economia, marcada por forte intervencionismo estatal nos assuntos econômicos. Tal política, inspirada nas idéias do economista John Maynard Keynes ficou conhecida como New Deal, cujo principal objetivo era aumentar o poder aquisitivo da população, aquecendo a economia. Para isso era necessário ampliar os níveis de emprego e o Estado norte-americano encarregou-se dessa tarefa, adotando uma política de obras públicas que recrutava trabalhadores entre as camadas mais pobres da sociedade.

terça-feira, setembro 23, 2008

O braço visível do Estado

No século XVIII Adam Simth em sua obra A riqueza das Nações criou uma fábula: o mercado não precisa de regras. Qualquer forma de intervenção ou regulação no mercado é nociva e promove o atraso no desenvolvimento econômico. Adam Smith acreditava que a divisão do trabalho era o elemento essencial para o crescimento da produção e do mercado, e sua aplicação eficaz dependia da livre concorrência, que forçaria o empresário a ampliar a produção, buscando novas técnicas, aumentando a qualidade do produto e baixando ao máximo os custos de produção. O natural decréscimo do preço final favoreceria a lei da oferta e da procura, determinando o sucesso econômico. Ainda defendia a não-intervenção do Estado nos assuntos econômicos, o qual deveria apenas harmonizar interesses individuais com vistas ao bem-estar coletivo dada a existência de leis naturais e imutáveis que regem a economia. A essas leis Simith criou uma metáfora: a mão invisível.
A partir de então todos os defensores do Capitalismo e das estratégias liberais passaram a repetir esse axioma tentanto provar que a sucesso econômico depende de uma regra: não ter regras. O individualismo e a conpetição máxima são a alvanca do progresso.
Em 1929 Wall Street, o centro dinâmico do mundo financeiro capitalista foi atingido por uma das mais graves crises. A crise explodiu em 24 de outubro, quando milhões de dólares em ações não encontraram compradores na Bolsa de Nova Iorque. Os investidores de Wall Street, preocupados com o desempenho das empresas de quem haviam comprado ações, tentavam desesperadamente livrar-se dos papéis, originando uma verdadeira avalanche de oferta de ações, que derrubaram os preços arruinando a todos. De uma hora para outra, prósperos empresários dos setores industrial e bancário faliram, milhões de trabalhadores perderam seus empregos e a miséria disseminou-se pelo território norte-americano.
A partir dos Estados Unidos, a crise econômica alastrou-se por todo o mundo capitalista. Sua difusão foi favorecida pelos seguintes elementos: primeiro, a redução das importações norte-americanas, que afetou duramente os países que dependiam de seu mercado; segundo, o repatriamento de capitais norte-americanos investidos em outros países. O "crack" da Bolsa de Valores de Nova Iorque, em 1929, provocou falências de centenas de indústrias, de bancos, de companhias de comércio e de transportes e um desemprego em massa, que chegou a alcançar cerca de 15 milhões de trabalhadores nos Estados Unidos.
O presidente norte-americano eleito em 1932, Franklin Delano Roosevelt, adotou uma política econômica marcada por forte intervencionismo estatal nos assuntos econômicos. Tal política, inspirada nas idéias do economista John Maynard Keynes ficou conhecida como New Deal, cujo principal objetivo era aumentar o poder aquisitivo da população, aquecendo a economia. Para isso era necessário ampliar os níveis de emprego e o Estado norte-americano encarregou-se dessa tarefa, adotando uma política de obras públicas que recrutava trabalhadores entre as camadas mais pobres da sociedade. O New Deal salvou o capitalismo da crise.
O historiador Eric J. Hobsbawm em seu livro A Era dos Extremos postula que uma das ironias deste estranho século XX é que o resultado mais duradouro da Revolução de Outubro de 1917, cujo objetivo era a derrubada global do capitalismo, foi salvar seu antagonista, tanto na guerra quanto na paz. O socialismo salvou o capitalismo graças à vitória militar na 2ª Guerra Mundial e ao planejamento econômico para substituir a economia de mercado.
Na década de 1990 após a derrocada do regime socialista no leste europeu e do fim da URSS o liberalismo foi reciclado e denominado de neoliberalismo.
Para o neoliberalismo o sucesso depende da capacidade de liberalização, desregulamentação, privatização, absoluta liberdade de movimento, valorização do capital privado e internacionalização. Trata-se da formulação liberal do mercado como esfera de realização plena e livre das capacidades e potencialidades individuais ou do mercado como “mão invisível” que regula a si mesmo e regula igualmente as relações sociais.
A receita da desregulamentação foi proposta pela famosa Esacola de Chicago chefiada por Milton Friedman e aplicadas pela era Reagam, Thatcher. Os 'chicago boys' invadiram a América Latina
e por meio do Consenso de Washington impuseram as regras que consagram a nova aliança entre o mercado e a humanidade.: liberar mercados nacionais, e privatizar tudo.
Semana passada um novo terremoto abalou Wall Street. A catástrofe anunciada desde o início do ano se manifestou pela quebra do branco Lehman Brothers. Quem vai salvar o mercado de uma crise? O governo estadunidense anunciou que irá injetar bilhões de dólares para salva o sistema finaceiro e impedir a crise. Onde está a mão invisível? Parace que novamente é o Estado que sai em socorro das grandes corporações. Afinal para que serve o braço visível do Estado senão para salvar a mão invisível do mercado! Leia o artigo Go home, Chicago boys! no Estado de São Paulo: clique aqui