segunda-feira, outubro 10, 2011

Café com leite



Cartum exposto no Salão Internacional do Humor - Piracicaba - SP - Edição  2011

Café com leite

Gabriel George Martins de Oliveira

            As diversas teorias racistas que povoaram a mente de estudiosos dos séculos XIX e XX estabeleceram que a mestiçagem teve papel negativo na formação brasileira. No entanto, intelectuais como Gilberto Freyre e Florestan Fernandes contradizem esse ideário, ainda que discordando em certos aspectos. Assim, ambos propõem fórmulas diferentes para a formação do povo brasileiro.
            A Eugenia e outras propostas racistas taxavam o povo das terras brasileiras como sendo degenerado, decorrência de sua repulsiva miscigenação, como muitos consideravam. O antropólogo Gilberto Freyre foi o pioneiro, a matriz de um pensamento que objetava precisamente o contrário. Freyre via a miscigenação como algo natural, e ainda ousava, acrescentando o conceito de “democracia racial”, no qual há o pleno exercício da liberdade étnica e social dentro de uma sociedade. Para ele, com a abolição da escravidão da escravidão, o Brasil chegou a esse patamar.
É válido dizer, porém, que o 13 de maio representa o dia no qual os escravos negros se viram libertos, mas sem nenhum respaldo para participar da atual sociedade. Esse é o pensamento de Florestan Fernandes, que vislumbra a democracia racial de Freyre como inexistente, tendo em vista a permanência de uma organização social que segregava o negro e o excluía. Enquanto o Governo, durante as festividades, embeleza as cidades de diversos modos a fim de vender sua imagem, um montante de pessoas, não apenas os negros, se refugiam em periferias, fruto daquela longínqua abolição que supostamente libertou os escravos.
Portanto, é insensato afirmar que o Brasil se encontra num atual estado de magnitude e mistura étnica permitida. Há ainda muito preconceito e exploração, como nos tempos de D. Pedro. A solução reside na eliminação das desigualdades sociais, como propõe outro intelectual, Darcy Ribeiro. 

Gabriel George Martins de Oliveira tem 16 anos. Cursa a Segunda Série do Ensino Médio

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