segunda-feira, outubro 03, 2011

Uns mais iguais que outros

Uns mais iguais que outros

Cartum exposto no Salão Internacional do Humor em Piracicaba - SP - Versão 2011

O Brasil sempre foi visto como um país característico não só de sua riqueza natural, mas principalmente da sua imensa diversidade cultural. Tal mestiçagem étnica se deve a colonização portuguesa que permitiu e inclusive participou da miscigenação para a formação e desenvolvimento da nova colônia. Porém, o fato de as três raças se reproduzirem, não significou a união dos costumes e tradições de todos – ao contrário, apesar de não terem sucesso, tanto o índio quanto o negro se mostraram resistentes a implantação do catolicismo e qualquer outro elemento da cultura dos colonizadores.
Durante o processo do crescimento do Brasil como nação, inúmeras questões foram surgindo, fazendo com que nós nos questionássemos por que tudo está desta forma. E no meio dessas dúvidas surgiram importantes sociólogos no entendimento da identidade brasileira. Gilberto Freyre foi o pioneiro ao analisar a colônia brasileira e em toda sua obra Casa Grande & Senzala afirma o quão foi importante a mistura de raças para o povo brasileiro. Além disso, Freyre estuda o funcionamento do sistema escravocrata, que julgava ser diferente da outras regiões: uma doce escravidão.
A questão é: como ser doce um sistema onde os negros raramente têm acesso à educação e mais grave ainda, como inseri-los numa sociedade que não estava disposta a ajudá-los? Tal questionamento é feito por Florestan Fernandes, que critica fortemente a falta de disposição do Estado em ajudar os ex-cativos na nova sociedade que surgira no Brasil após a Abolição.
O negro não estava acostumado com o sistema capitalista e seu funcionamento; numa sociedade de trabalho livre ele tinha vários inimigos: o imigrante, que conseguira um grande destaque naquele ambiente, o preconceito pelo seu passado e o habitus. Diante dessa difícil realidade na cidade, muitos se submetiam ao vandalismo, o alcoolismo e até mesmo a prostituição. O fim da escravidão foi apenas o início para os principais problemas que o negro teria de enfrentar.
É neste ponto que nos indagamos o quão doce foi o governo para com a “população de cor”. Uma sociedade egoísta que, cega pelo preconceito, não está disposta a inserir, de maneira justa, o negro na sociedade. Portanto, o problema não está no fato da escravidão existir ou não, mas o quanto a população julga a igualdade do negro.

Thais Abdala tem 16 anos. Cursa a Segunda Série do Ensino Médio no Colégio Santa Maria.

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