quinta-feira, fevereiro 23, 2012

A relação entre o Homem e a Natureza: perspectiva do trabalho e da cultura. A relação entre o Homem e a Natureza: perspectiva do trabalho e da cultura.

O trabalho é a atividade humana por excelência, pela qual o homem transforma o mundo e a  si mesmo. Por isso, se num primeiro momento a natureza se apresenta como destino, é o trabalho que surge como condição de transcendência e liberdade, a não ser nos sistemas onde persistem formas de exploração que levam à alienação.


O trabalho

            Seria pouco afirmar  que a diferença entre homem e animal estaria no fato de o homem ser um animal que pensa e fala. De fato, a linguagem humana permite a melhor ação transformadora do homem sobre o mundo, e com isso completamos a distinção: o homem é um ser que trabalha e produz o mundo e a si mesmo.  O animal não produz a sua existência, mas apenas a conserva agindo instintivamente ou, quando se trata de animais de maior complexidade orgânica, "resolvendo" problemas de maneira inteligente. Esses atos visa defesa, a procura de alimentos e de abrigo, e não devemos pensar que o castor, ao construir o dique, e o joão-de-barro, a sua casinha, estejam "trabalhando". Se o trabalho é a ação transformadora da realidade, na verdade o animal não trabalha, mesmo quando cria resulta dos materiais com essa atividade, pois sua ação não é deliberada, intencional.
           
            Vejamos como Marx compreende o trabalho, desvelando a relação homem—natureza:

O trabalho é, em primeiro lugar, um processo de que participam igualmente o homem e a natureza, e no qual o homem espontaneamente inicia, regula e controla as relações materiais entre si próprio e a natureza. Ele se opõe à natureza como uma de suas próprias forças, pondo em movimento braços e pernas, as forças naturais de seu corpo, a fim de apropriar-se das produções da natureza de forma ajustada a suas próprias necessidades. Pois, atuando assim sobre o mundo exterior e modificando-o, ao mesmo tempo ele modifica a sua própria natureza. Ele desenvolve seus poderes inativos e compele-os a agir em obediência à sua própria autoridade. Não estamos lidando agora com aquelas formas primitivas de trabalho que nos recordam apenas o mero animal. Um intervalo de tempo imensurável separa o estado de coisas em que o homem leva a força de seu trabalho humano ainda se encontrava em sua etapa instintiva inicial. Pressupomos o trabalho em uma forma que caracteriza como exclusivamente humano. Uma aranha leva a cabo operações que lembram as de um tecelão, e uma abelha deixa envergonhados muitos arquitetos na construção de suas colméias. Mas o que distingue o pior arquiteto da melhor das abelhas é que o arquiteto ergue a construção em sua mente antes de a erguer na realidade.


            O trabalho humano é a ação dirigida por finalidades conscientes, a resposta aos desafios da natureza na luta pela sobrevivência. Desafios da natureza na luta pela sobrevivência. Ao reproduzir técnicas que outros homens já usaram e ao inventar outras novas, a ação humana se torna fonte de idéias e ao mesmo tempo uma experiência propriamente dita.
     
            O trabalho, ao mesmo tempo que transforma a natureza, adaptando-a às necessidades humanas, altera o próprio homem, desenvolvendo suas faculdades. Isso significa que, pelo trabalho, o homem se autoproduz. Enquanto o animal permanece sempre o mesmo na sua essência, já que repete os gestos comuns à espécie, o homem muda as maneiras pelas quais age sobre o mundo, estabelecendo              relações também mutáveis, que por sua vez alteram sua maneira de perceber, de pensar e  de sentir.

            Por ser uma atividade relacional, o trabalho, além de desenvolver habilidades,permite que a convivência não só facilite a aprendizagem e o aperfeiçoamento dos  instrumentos, mas também enriqueça a afetividade resultante do relacionamento humano:experimentando emoções de expectativa, desejo, prazer, medo, inveja, o homem aprende a conhecer a natureza, as pessoas e a si mesmo.

            O trabalho é a atividade humana por excelência, pela qual o homem intervém na  natureza e em si mesmo. O trabalho é condição de transcendência e, portanto, é expressão da liberdade.

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