quarta-feira, setembro 07, 2011

O JOVEM EM MEIO AOS SIGNIFICADOS DA VIOLÊNCIA NO BRASIL

 

Violência é um comportamento que causa dano a outra pessoa, ser vivo ou objeto. Invade a autonomia, integridade física ou psicológica e mesmo a vida de outro. É o uso excessivo de força, além do necessário ou
esperado. O termo deriva do latim violentia (é qualquer comportamento ou conjunto de deriva de vis, força, vigor); aplicação de força, vigor, contra qualquer coisa ou ente.

A violência pode ser classificada pelo tipo de manifestação como sendo física, sexual, psicológica e simbólica.

Violência psicológica violência simbólica.

A violência psicológica é caracterizada pela tentativa de degradar ou controlar outra pessoa por meio de condutas de intimidação, manipulação, ameaça, humilhação e isolamento ou qualquer conduta que prejudique a saúde psicológica, autodeterminação ou desenvolvimento de uma pessoa. 
A violência simbólica se baseia na fabricação de crenças no processo de socialização, que induzem o indivíduo a se enxergar e a avaliar o mundo de acordo com critérios e padrões definidos por alguém. Trata-se da construção de crenças coletivas e faz parte do discurso dominante.
Como exemplo de violência simbólica fomentados pela religião podemos citar o machismo (pois a mulher entregou a maçã a Adão), o preconceito contra homossexuais (Sodoma e Gomorra), o texto do catecismo católico sobre homossexualidade (que a classifica como intrisecamente desordenada), racismo (Cain gerou o
povo que vivia nas tendas), a reiterada aclamação da família pai-mãe-filhos como a única legítima pela hierarquia católica e assim por diante.

Diferentes formas de violência: doméstica, sexual e na escola

Violência doméstica 

É a violência, explícita ou velada, literalmente praticada no âmbito familiar, entre indivíduos unidos por parentesco civil (marido e mulher, sogra, padrasto) ou parentesco natural pai, mãe, filhos, irmãos. Inclui diversas práticas, como o abuso sexual contra as crianças, maus-tratos contra idosos, e violência contra a mulher e contra o homem geralmente nos processos de separação litigiosa além da violência sexual contra o parceiro.
Pode ser dividida em violência física — quando envolve agressão direta, contra pessoas queridas do agredido ou destruição de objetos e pertences do mesmo (patrimonial); violência psicológica — quando envolve agressão verbal, ameaças, gestos e posturas agressivas, jurídicamente produzindo danos morais; e violência socioeconômica, quando envolve o controle da vida social da vítima ou de seus recursos económicos. 
Alguns consideram violência doméstica o abandono e a negligência quanto a crianças, parceiros ou idosos. Enquadradas na tipologia na categoria interpessoais, subdividindo-se quanto a natureza Física, Sexual, Psicológica ou de Privação e Abandono
É mais frequente o uso do termo "violência doméstica" para indicar a violência contra parceiros, contra a esposa, contra o marido e filhos. A expressão substitui outras como "violência contra a mulher". Também existem as expressões "violência no relacionamento", "violência conjugal" e "violência intra-familiar".
Muitos casos de violência doméstica encontram-se associados ao consumo de álcool e drogas, pois seu consumo pode tornar a pessoa mais irritável e agressiva especialmente nas crises de abstinência. Nesses casos o agressor pode apresentar inclusive um comportamento absolutamente normal e até mesmo "amável" enquanto sóbrio, o que pode dificultar a decisão da parceiro em denunciá-lo.

A violência sexual

São consideradas violência sexual situações de abuso, violação e assédio sexual. É a passagem ao ato quando o outro não o deseja; é uma agressão focalizada na sexualidade da pessoa, mas que a atinge em todo o seu ser; é crime punido pela lei. 
As marcas físicas e psicológicas da violência sexual são frequentemente graves e não se trata apenas de ferimentos, infecções sexualmente transmitidas ou gravidezes não desejadas. O uso da coação psicológica é também muito frequente, sendo em muitos casos uma forma de o agressor confundir e criar situações de grande ansiedade e angústia na vítima. As situações de violência sexual são, muitas vezes, difíceis de denunciar ou sinalizar, porque o medo da vítima induz ao silêncio e ao segredo, protegendo desta forma o agressor.
Abuso sexual define o comportamento de alguém do sexo masculino ou feminino face a um menor que englobe a prática de um ato sexual de relevo. Consideram-se ainda como situações de abuso as práticas de carácter exibicionista perante o outro, obscenidade escrita ou oral, obrigatoriedade de assistir a espectáculos pornográficos, o uso de objetos pornográficos, ou ainda se o menor é usado para fins fotográficos ou filmes de índole pornográfica .

A violência na escola

A violência que as crianças e os adolescentes exercem , é antes de tudo, a que seu meio exerce sobre eles. A
criança reflete na escola as frustrações do seu dia-a- dia. É neste contexto que destacamos os tipos de violência praticados dentro da escola .

* Violência contra o patrimônio - é a violência praticada contra a parte física da escola. É contra a própria construção que se voltam os pré-adolescentes e os adolescentes , obrigados que são a passar neste local oito ou nove horas por dia.
* Violência doméstica - é a violência praticada por familiares ou pessoas ligadas diretamente ao convívio diário do adolescente.
* Violência simbólica - É a violência que a escola exerce sobre o aluno quando o anula da capacidade de pensar e o torna um ser capaz somente de reproduzir.  A violência simbólica é a mais difícil de ser percebida ... porque é exercida pela sociedade quando esta não é capaz de encaminhar seus jovens ao mercado de trabalho, quando não lhes oferece oportunidades para o desenvolvimento da criatividade e de atividades de lazer; quando as escolas impõem conteúdos destituídos de interesse e de significado para a vida dos alunos; ou quando os professores se recusam a proporcionar explicações suficientes , abandonando os estudantes à sua própria sorte , desvalorizando-os com palavras e atitudes de desmerecimento". a violência simbólica também pode ser contra o professor quando este é agredido em seu trabalho pela indiferença e desinteresse do aluno.
* Violência física - "Brigar , bater, matar, suicidar, estuprar, roubar, assaltar, tiroteio, espancar, pancadaria, Ter guerra com alguém, andar armado e, também participar das atividades das guangues.

Os fatores que levam os jovens a praticar atos violentos

São inúmeros os fatores que podem levar uma criança ou um adolescente a um ato delitivo.

A desigualdade social é um dos fatores que levam um jovem a cometer atos violentos. A situação de carência absoluta de condições básicas de sobrevivência tende a embrutecer os indivíduos, assim, a pobreza seria geradora de personalidades destrutivas. 
A influência de grupos de referência de valores, crenças e formas de comportamento seria também uma motivação do jovem para cometer crimes. O motivo pelo qual os jovens...aderem às gangues é a busca de respostas para suas necessidades humanas básicas, como o sentimento de pertencimento, uma maior identidade, auto-estima e proteção, e a gangue parece ser uma solução para os seus problemas a curto prazo" , assim, o infrator se sente protegido por um grupo no qual tem confiança. 
Valores como solidariedade, humildade, companheirismo, respeito, tolerância são pouco estimulados nas práticas de convivência social, quer seja na família, na escola, no trabalho ou em locais de lazer. A inexistência dessas práticas dão lugar ao individualismo, à lei do mais forte, à necessidade de se levar vantagem em tudo, e daí a brutalidade e a intolerância.. A influência das guangues que se aliam ao fracasso da família e da escola. A educação tolerante e permissiva não leva a ética na família. Os pais educam seus filhos e estes crescem achando que podem tudo. É dentro das guangues ou das quadrilhas que os jovens provam sua audácia, desafiam o medo da morte e da prisão. É uma subcultura criminosa.
O indivíduo tem a sua disposiçã uma grande oferta de oportunidades: o uso de drogas, uso de bebidas alcoólicas, uso da arma de fogo aliada a inexistência do controle da polícia , da família e comunidade tornam o indivíduo motivado a concluir o ato delitivo. Carências afetivas e causas socioeconômicas ou culturais certamente aí se misturam, para desembocar nestas atitudes. 
A Disponibilidade de armas de fogo e as mudanças que isso impõe às comunidades conflituosas, contribuindo para o aumento do caráter mortal dos conflitos nas escolas a falta de policiamento agrava a situação na medida em que a polícia pode ser sinônimo de segurança e ordem.

As razões

Sem sombra de dúvidas há um conjunto de razões que afetam o processo educativo na sociedade contemporânea e que geram a violência. Habitamos um mundo de pessoas tresloucadas, atingidas pela degeneração familiar e que levam a violência até para dentro da própria escola. Num país como o Estados Unidos, o mais poderoso e desenvolvido do mundo, volta e meia pessoas enlouquecidas, franco-atiradores, saem matando a esmo, conforme aconteceu recentemente numa universidade da Virgínia. Conscientes estamos de que a venda indiscriminada de armas e o contrabando  delas, são causas que estão na origem de toda essa violência. Mas no cerne dessa questão está o ser humano como alvo e vítima da ambição pelo melhor e pela sede de poder. Também a idéia da vingança justa, praticada por justiceiros e justiçadores, permeia a consciência da juventude desde o advento das histórias em quadrinhos, agora reforçada pela força incomensurável da televisão, dos vídeo-games e computadores.Quase todos os jogos são jogos de guerra.
Se não resta dúvida que uma arma ao alcance das mãos transforma conflitos banais em tragédias irreversíveis, dúvidas não deve haver também que a ausência de esperança, de hospitais, de alimentação, de educação, de direitos ,de dignidade, de emprego, aumentam astronomicamente as possibilidades deviolência.
As pressões sociais descabidas pela vitória a qualquer custo, a convivência diária das crianças com a violência, nas ruas onde moram, em suas casas, nos bairros, são momentos em que não se discute sequer a covardia de atingir sempre os mais fracos. O importante é bater e vencer. Há toda uma cadeia de violência sendo gerada pela miséria extrema, pela desilusão, pela chamada solidão.dos excluídos. Embora entre eles hajam aqueles que se conformam e esperam por uma vida melhor no céu.Pior que tudo isso, é que o medo e as neuroses vividas pela população dão contribuições milimétricas, mas constantes, para que o índice de violência seja cada vez maior.
A violência sempre esteve presente nas relações interpessoais, desde o pecado original. Então porque a inteligência humana, filósofos, sociólogos e religiosos, nunca conseguiram contê-la?
A individualização do sujeito, distante do poder público e de todas as oportunidades, as discrepâncias socioeconômicas , a competitividade ordenada pela alta voltagem do consumismo, num tipo de sociedade que lhe ordena ter a todo custo o que não pode ter, são também mães da violência.
Para saber mais:

Violência


Artigo de Jurandir Freire Costa


Violência Doméstica



Violência Escolar



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