domingo, maio 20, 2012

MAQUIAVEL É MAQUIAVÉLICO?



Considere a hipótese: você votaria em um político maquiavélico?
Imagine o leitor que alguém o considerasse maquiavélico. Não surpreenderia que o epônimo fosse visto como uma acusação. A sua reação provavelmente seria recusar o título. Afinal, você não é dado a agir com má-fé nem sem moral.
A má fama do pensador italiano Nicolau Maquiavel (1469-1527) é bastante antiga. Data de meados do século 16. Ao longo do tempo, ele foi inúmeras vezes considerado um autor maldito, a ponto de seu nome ter dado origem a um apelido para o diabo em inglês: "old Nick".
Entretanto o próprio Maquiavel não poderia ser considerado pelo epônimo  maquiavélico. A interpretação negativase deve a uma "leitura parcial e redutora da filosofia de Maquiavel" que leva em consideração seu livro mais famoso, "O Príncipe".
No livro, Maquiavel  analisa as ações não mais em função de uma hierarquia de valores dada a priori, mas sim em vista das consequências, dos resultados da ação política. Trata-se de uma nova leitura centrada nos critérios da avaliação do que é útil à comunidade: o critério para definir o que é moral é o bem da comunidade, e nesse sentido às vezes é legítimo o recurso ao mal (o emprego da força coercitiva do Estado, a guerra, a prática da espionagem, o emprego da violência). Estamos diante de uma moral imanente, mundana, que vive do relacionamento entre os homens. E se há a possibilidade de os homens serem corruptos, constitui dever do Príncipe manter-se no poder a qualquer custo.
A novidade do pensamento de Maquiavel,  justamente a que causou maior escândalo e críticas, está na reavaliação das relações entre ética e política. Por um lado, Maquiavel apresenta uma moral laica, secular, de base naturalista, diferente da moral cristã; por outro, estabelece a autonomia da política, negando a anterioridade das questões morais na avaliação da ação política.
Maquiavel distingue entre o bom governante, que é forçado pela necessidade a usar da violência visando o bem coletivo, e o tirano, que age por capricho ou interesse próprio.
O pensamento de Maquiavel nos leva à reflexão sobre a situação dramática e ambivalente do homem de ação: se o indivíduo aplicar de forma inflexível o código moral que rege sua vida pessoal à vida política, sem dúvida colherá fracassos sucessivos, tomando-se um político incompetente.
Para saber mais acerca desse importante e polêmico pensador e sua obra clique AQUI

assista ao vídeo abaixo: